A gravidade do impacto do Coronavírus nas perspectivas de crescimento da China vai trazer grandes implicações para a África devido aos laços estreitos do continente com o gigante asiático.
NAIROBI, Quênia, 11 de Marcha de 2020, -/African Media Agency (AMA)/- O impacto vai ser ainda mais sentido se os esforços para conter o surto se mostrarem inadequados, estendendo assim o alcance e a duração do choque, como se pode ler no mais recente relatório do Institute of Chartered Accountants de Inglaterra e do País de Gales (ICAEW), o “Economic Update: Africa Q1 2020”.
O órgão de contabilidade fornece previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para várias regiões, incluindo da África Oriental, que deverá crescer a um ritmo de 6%, ao passo que a África Ocidental e Central crescerá nos 3,1%, e a África Austral com um ritmo mais lento, na casa do 1,3%.
O relatório promovido pela ICAEW e produzido pela Oxford Economics, destaca o papel da diversidade económica enquanto forma de resistência a uma eventual “tempestade” provocada por uma recessão global iminente.
De acordo com o relatório, as perspectivas do crescimento do sector do Turismo a médio prazo em África “continuam promissoras, apoiadas por melhorias nas infra-estruturas, melhor conectividade no transporte aéreo e flexibilização dos regulamentos de vistos.”
As potências regionais da África do Sul e Angola continuam a pesar nas perspectivas da África Austral: o crescimento da região permanece lento em 1,3% em 2020, com riscos de incerteza a pesar pelo lado negativo.
A falta de energia que está a afectar a economia sul-africana e as pressões fiscais que a economia sul-africana tem enfrentado significam que o país poderá ver baixar a sua classificação de crédito do ponto de vista do investimento externo. Enquanto isso, o PIB real de Angola parece ter contraído pelo quarto ano consecutivo, em 2019.
Falando durante o lançamento do relatório, Michael Armstrong, Director Regional da ICAEW para o Médio Oriente, Ásia e África, analisa: “A incerteza em torno dos desenvolvimentos globais permanece especialmente elevada à medida que entramos nesta nova década. O abrandamento das tensões comerciais entre os Estados Unidos da América (EUA) e a China reduz os riscos globais de crescimento do comércio e do PIB global.
No entanto, novos desafios surgiram. As crescentes tensões geopolíticas, especialmente em relação ao impasse entre os EUA e o Irão, acalmaram os sentimentos dos investidores e deram um impulso temporário aos preços globais do petróleo” disse Armstrong. “As perspectivas em relação ao Turismo em África continuam promissoras, apoiadas por melhorias nas infra-estruturas, melhor conectividade no transporte aéreo e flexibilização dos regulamentos de vistos”, acrescentou.
A África Oriental continua a ser o principal pólo de desenvolvimento do Continente, com um crescimento projectado para 6% em 2020. Embora o crescimento regional esteja agora a abrandar claramente, estão na África Oriental algumas das economias que mais crescem no mundo. Caso do Ruanda, por exemplo, que registrou um crescimento de 10,9% durante o primeiro trimestre de 2019, “com o investimento público a estimular a indústria e o aumento do consumo a suportar o florescente sector de serviços”.
Depois, alguns países da África Ocidental também merecem destaque ao nível dos ritmos de crescimento do PIB, especialmente a Costa do Marfim e o Senegal. Do lado inverso, o desempenho lento da economia nigeriana continua a pesar sobre as perspectivas da África Ocidental e Central, com o crescimento regional a subir apenas marginalmente para 3,1% em 2020, provocado pelos baixos preços do petróleo que aumentam o risco de restrições adicionais ao nível cambial. Tais restrições, juntamente com as políticas proteccionistas adoptadas por Abuja (como a recente decisão de fechar as fronteiras terrestres da Nigéria), impedem a actividade económica de ganhar impulso.
Quanto ao Norte de África, embora os riscos políticos e de segurança permaneçam elevados na região, o crescimento deve aumentar, passando de 3,1% em 2019 para 3,7% em 2020. A economia do Egipto continua a expandir-se a um ritmo impressionante e prevê-se que Marrocos e Tunísia recuperem em 2020, após um desempenho agrícola modesto no ano passado.
A Tunísia, em particular, enfrentou desafios significativos, com o crescimento estimado em meros 1,3% em 2019. Além de uma desaceleração acentuada no crescimento agrícola, protestos frequentes e uma demanda externa mais fraca contribuíram para uma queda na actividade industrial. No entanto, isso foi parcialmente compensado por uma forte recuperação no número de chegadas de turistas.
O relatório completo do Economic Insight: África, pode ser encontrado aqui: https://www.icaew.com/technical/economy/economic-insight/economic-insight-africa
Distribuído pela African Media Agency (AMA) em nome do ICAEW.
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